sexta-feira, 12 de junho de 2015

Cais


O poeta acordou extenuado e sem cores no olhar.

Não sabia que fazia ali na manhã onde o mar lhe delimitava a visão, e onde ele próprio não tinha lugar para estar.

O poeta nunca se sente bem em lugar algum pensou.

Mas ele não se sentia poeta.

Não sabia fazer poemas como os poetas, nem casas como os arquitectos.

Não sabia fazer nada.

E então pensou que se fosse poeta plantava uma flor em forma de barco, mesmo em cima de uma onda.

E então o poeta ficou leve e esvoaçou nas cores do arco-íris que se fizeram sentir no olhar .

E nessa noite todos os barcos se transformaram em flores.

© Piedade Araújo Sol 2013-03-24

reeditado