sábado, 3 de dezembro de 2022

Pescadores de Arte Xávega




 Arte-xávega é uma técnica de pesca artesanal, local, de cerco envolvente, realizada atualmente por 8 companhas (grupos de pescadores afetos a uma embarcação) que presentemente podem integrar, cada uma, cerca de duas dezenas de pessoas, organizadas em dois grupos: tripulação de mar e de terra.

Remonta ao século XVIII, trazida para a Costa da Caparica por comunidades piscatórias de Ílhavo e Olhão, responsáveis pelo povoamento do lugar. Pela adaptação às condições do mar e das praias da Costa e Fonte da Telha adquiriu aqui características específicas que a distinguem de práticas semelhantes noutras regiões.

Na Arte-xávega, a arte (composta por várias redes e malhagens) é lançada ao mar a partir de uma embarcação, deixando em terra uma ponta da corda (banda panda). Depois de largar a rede no mar, a embarcação regressa à praia, trazendo a outra ponta de corda (banda barca) e inicia-se lentamente o processo de alagem, em simultâneo, de ambas as cordas, puxando a rede para a praia, mantendo verticais os «panos» das mangas laterais da rede, formando uma “parede” que vai orientando o peixe para o interior das mangas.

No mar, a rede opera quase à superfície, sem arrastar no fundo marinho. A alagem é hoje mecanizada, feita com recurso a tratores. A cavala, carapau e sardinha são algumas das espécies capturadas em maior quantidade, o robalo e a lula são também significativas. É uma atividade sazonal, sobretudo entre março e outubro, embora existam já companhas que a praticam todo o ano. Na contra-safra, pesca-se com armadilhas, com redes de tresmalho e de emalhar ou com palangre, usando as mesmas embarcações com que se pesca com Arte-xávega.

Esta técnica de pesca ancestral foi inscrita em 2017 no Inventario Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI_2017_002); D.L. n.º 7/2000 de 30 de maio (classificação da pesca com Arte-xávega); Portaria 1102-F/2000 de 22 de novembro (regulamentação da pesca com Arte-xávega) e, em seu torno, estão a ser desenvolvidos, pela Câmara Municipal de Almada, conteúdos para criação de um museu vivo dedicado à pesca na Costa da Caparica e Fonte da Telha.

Fonte : https://www.cm-almada.pt/viver/cultura/arte-xavega

5 comentários:

  1. Aqui é um lugar onde se aprende e se deleita a vista.
    Um abraço.

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  2. Texto didático que muito gostei de ler. Fotos deslumbrantes.
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    Feliz fim de semana … Saudações poéticas.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  3. Excelentes imagens a ilustrar o texto explicativo.
    Parabéns, Piedade.

    Um beijo amigo.

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  4. Que lindo, he visto eso por mi tierra...seguro que los pescadores vibran con esa tarea frente al azul mar y el sol esplendoroso.ABrazo

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  5. Belíssimo trabalho, Amiga Piedade. Como viram fazer aos seus ancestrais. Desde sempre.
    A arte xávega do tempo em que a harmonia entre todos coexistia na Terra. O Sol, esse, ainda não desistiu de nós.
    Arte até quando?

    Bj.

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Não sou fotógrafa, mas, gosto de fazer arte com a fotografia. Todas as palavras e as imagens deste blogue são de minha autoria, excepto as que estão assinaladas com os devidos créditos. Não são fotos perfeitas, nem eu quero que assim sejam, porque por vezes é na imperfeição que se encontra a beleza encoberta.
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