segunda-feira, 22 de agosto de 2016

E agora o silêncio


e agora o silêncio!
a madrugada foi cúmplice dos teus lábios nos meus, brotando mel.
e agora este silêncio.
as minhas mãos em forma de concha, vagabundeiam ao luar, querendo apanhar a luz retraída que a lua penetrando por entre as frinchas da janela entreaberta, embirra em repartir ocultamente sobre o teu corpo adormecido.
e agora o silencio.
lá fora a alvorada rompe para mais um dia metamorfoseado em dialecto de gestos inactivos. talvez vá chover, nunca te disse que gosto de sentir a chuva cair sobre a minha pele. não disse tanta coisa. não te digo tanta coisa. nem sequer que me magoa este silêncio.
o teu corpo sossegado, sorri, talvez navegue agora num sonho feito um rio de pétalas desordenadas no leito que te ampara.
vou embora!
e agora?! que faço do silêncio!

 ©Piedade Araújo Sol, in Poiesis,pag 157