segunda-feira, 17 de maio de 2021

Moinhos de Maré




 Nota Histórico-Artistica

Os moinhos de maré, destinados a aproveitar, conforme a sua designação indica, a força das marés para fazer mover uma maquinaria de rodízios e mós para triturar cereais, constituem um sistema originado em França a partir do séc. XII. Os moinhos de maré do concelho do Seixal não serão os primeiros exemplares conhecidos em Portugal, onde este sistema terá sido introduzido em finais do século XIII, mas constituem o mais antigo núcleo ainda existente, característico de uma zona (o estuário do Tejo) onde se ergueram muitos moinhos desde o início de Quatrocentos; o número de moagens atingiria mesmo as 60 unidades, no século XVI.
O moinho Velho dos Paulistas foi erguido no século XV, na margem esquerda do rio Coina, na sequência da construção de uma série de moagens da região, inauguradas pela edificação do Moinho de Corroios, este ainda datado de 1403. É constituído por um conjunto de edifícios de planta rectangular, integrando a casa de moagem, com oito casais de mós, um corpo alongado com um andar acima da cota do rio e o sistema de rodízios abrigado sob arcadas submersas na maré cheia, a casa do moleiro, de dois pisos, e anexos destinados a armazenamento do cereal. As fundações são lançadas sobre o leito do rio, e a porta principal abre para um pequeno cais. A composição geral e distribuição dos edifícios, bem como a existência de cais de embarque, são características comuns a todos os moinhos da bacia do Seixal.
Este moinho, como os restantes na região, recebeu grandes obras de reconstrução a partir do século XVIII, nomeadamente após o terremoto de 1755. Desta forma, e apesar da recuada data da construção original, a maior parte do edifício actual, bem como o sistema de moagem, é já oitocentista, devendo-se a direcção dos trabalhos ao conceituado Mateus Vicente de Oliveira, engenheiro militar e arquitecto da Casa do Infantado.
Os moinhos servem-se de um sistema de comportas que permite o aproveitamento das duas marés diárias, recebendo a água na maré cheia, período em que as mós estão paradas, e começando a vazá-la progressivamente na baixa-mar. À medida que a água empurra as travessas dos rodízios, também chamadas de penas, estes rodam, fazendo rodar igualmente as mós. O curto tempo de moagem diário era compensado pelo grande número de mós a funcionar na região, que forneciam um serviço constante, sem o carácter aleatório dos moinhos de vento. 

Bibliografia
Título : Carta histórica do concelho do Seixal
Local :Seixal
Data : 1985
Autor(es) ?

6 comentários:

  1. Parecem edifícios abandonados o que considero ser uma pena. Poderiam dar-lhe alma e vida como já noutros tempos tiveram
    Gostei muito desta história publicação
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    Uma semana feliz … Abraço fraterno.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Gostei de ler o excerto histórico sobre os moinhos de maré. Também concordo que deviam preservados.
    Um beijo.

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  3. Buen lugar, en donde has tomado las fotografías.

    Que tengas una buena ssemana.

    Besos

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  4. Que linda partilha da historia Sol.
    Conheci muitos moinhos em Minas, mas usando as quedas de pequenos rios e córregos, são os nossos moinhos de pedra ou moinhos d'água, onde processavam o milho. Estes apresentados são bem interessantes e o aproveitamento é ótimo.
    Muito boa sua ideia de traze-los.
    Grato amiga.
    Beijo e semana feliz.

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  5. Muito interessante, gostei de saber! As imagens são lindas, o tom azul está lindo! Há que preservar esta patrimônio muito rico.

    Beijinhos

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  6. Boa tarde Piedade,
    Magnificas fotografias.
    Desconhecia que existiam moinhos de marés e gostei de saber da sua história.
    Um beijinho.
    Ailime

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Não sou fotógrafa, mas, gosto de fazer arte com a fotografia. Todas as palavras e as imagens deste blogue são de minha autoria, excepto as que estão assinaladas com os devidos créditos. Não são fotos perfeitas, nem eu quero que assim sejam, porque por vezes é na imperfeição que se encontra a beleza encoberta.
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